Dissertações

2022

CLOVIS PEIXOTO FIRMO

DESASTRES AMBIENTAIS NO ESPAÇO URBANO E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO DAS FAMÍLIAS AFETADAS

Aprovada em: 10/06/2022

Banca: Dr.ª Érica Tavares da Silva Rocha (Orientadora/UFF), Dr.ª  Antenora Maria da Mata Siqueira (UFF), Dr.ª Adriana Soares Dutra (UFF); César Augusto Marques da Silva (IBGE)

Resumo

 

O processo de urbanização e sua relação com a dinâmica ambiental revela a desigual distribuição dos ganhos e custos ambientais e sociais nas cidades, sobretudo quando abordamos as situações de desastre, levando à compreensão de que os desastres são processos socialmente construídos. Ao analisarmos a relação entre o espaço físico e social nas cidades
brasileiras, observa-se que a diferenciação social que se manifesta nos processos de ocupação e apropriação do espaço também está relacionada à suscetibilidade da população aos desastres ambientais, uma vez que indivíduos e famílias muitas vezes são constrangidos, por vários fatores sociais e econômicos, a construírem suas moradias em áreas muito próximas a rios, lagoas, morros e/ou encostas, espaços em que podem ocorrer alagamentos, inundações e deslizamentos. Nesse sentido, o presente trabalho procura analisar como as famílias afetadas acessam a estrutura de oportunidades existente em situação de desastre ambiental, a fim de verificar em que medida as formas de enfrentamento passam pelo acionamento dos ativos sociais. A partir dessa perspectiva, entende-se que não basta apenas identificar populações em situação de risco ambiental a partir da proximidade com cursos d’água sujeitos a inundações, encostas ou rodovias, mas também identificar a posse ou não destes ativos e o acesso às oportunidades existentes no âmbito do estado, do mercado ou da comunidade. Como procedimentos metodológicos, foi realizada uma análise de dados secundários sobre os bairros urbanos do município de Campos dos Goytacazes/RJ, mapeamento temático e uma pesquisa de survey por meio de entrevistas com os moradores da localidade de Ururaí, no referido município, com o objetivo de aprofundar a compreensão dos mecanismos de enfrentamento do desastre por parte da população afetada.

Palavras-chave: desastres ambientais, risco, vulnerabilidade social, estrutura de oportunidades, ativos sociais.

DIOGO SANTANA DE SÁ

DIREITO PARA QUEM TEM DIREITOS: A ESPERA PELO ATENDIMENTO NA DENFESORIA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE CAMPO DOS GOYTACAZES – RJ 

Aprovada em: 13/12/2022

Banca: Dr.ª Glaucia Maria Pontes Mouzinho  (Orientadora/UFF), Dr.ª Lucia Eilbaum (UFF), Dr.ª Kátia Sento Sé Mello (UFRJ)

Resumo

 

O Acesso à Justiça é um direito fundamental estabelecido na Constituição Federal de 1988, conforme Artigo 5.o, inciso XXXV, constituindo assim direito básico de cidadania, que, por si só, é capaz de assegurar outros direitos, como saúde e educação, que são tão essenciais quanto ele, na medida em que, outras instituições falham em garantir o acesso a esses outros serviços, contudo, barreiras físicas, legais, econômicas e sociais se levantam na concretização do acesso à justiça, principalmente, por aqueles grupos sociais menos favorecidos financeiramente, uma vez que, nesse caso, precisam recorrer à Defensoria Pública, sujeitando-se a outros tipos de conflitos, que não só aqueles revestidos em suas demandas judiciais. Daí inevitavelmente as representações e as práticas daqueles que são encarregados de levar adiante e apresentar uma solução para essas demandas, devem ser encarados sob os diferentes “sentidos de justiça”, à luz do “saber local” (GEERTZ, 2004). Com efeito, a proposta desse trabalho de pesquisa tem, como foco central, identificar quais são essas demandas por justiça e como elas são administradas no âmbito da Defensoria Pública de Campos dos Goytacazes, RJ.

Palavras-chave: Justiça; Conflitos; Cidadania; Defensoria Pública.

JONATAN FERNANDES PORTO

IMPACTOS SOCIAIS DE UM EMPREENDIMENTO DE LARGA ESCALA E O DIREITO À INFORMAÇÃO: O CASO DO POLO GASLUB ITABORAÍ – ANTIGO COMPERJ

Aprovada em: 08/04/2022

Banca: Dr.ª Maria Gabriela Scotto (Orientadora/UFF), Dr.ª Érica Terezinha Vieira de Almeida (UFF), Dr.ª Sonia Aguiar Lopes (UFS)

Resumo

 

O acesso às informações públicas é um direito explícito na Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 5.o, e, para o cumprimento do ato de informar, é preciso comunicar, com clareza, utilizando os princípios da Publicidade e da Eficiência (Art. 37), com linguagens e canais acessíveis aos diversos públicos de interesse e com formas participativas e de acesso, como manda a Lei. A chegada de empreendimentos industriais de larga escala, em nome de um desenvolvimento econômico local e com a promessa de geração de empregos, vem acompanhada, a maioria das vezes, de impactos diretos, indiretos e significativos para a população. O Polo Gaslub Itaboraí (antigo Comperj), um empreendimento de larga escala da Petrobras, no estado do Rio de Janeiro, foi escolhido como estudo de caso para esta pesquisa, considerando o envolvimento (ou não) da população no processo decisório, principalmente dos moradores do Bairro Esperança, em Itaboraí, RJ, tendo em vista a relação de vizinhança com o empreendimento. Com isso, discorreremos sobre os impactos sociais no município e na região; abordaremos também a importância da Comunicação Pública, destacando aqui aquela que visa estabelecer uma relação de diálogo com a população, de forma a permitir a prestação de serviço ao público. Metodologicamente, priorizaram-se o trabalho de campo, o diálogo direto com os atores sociais do Bairro Esperança, além da aplicação de um questionário aos vizinhos do entorno, bem como o levantamento e a análise de documentos e chamadas de jornais sobre a realidade do município itaboraiense. Assim, foi possível discorrer com outras pesquisas acerca do direito à informação, tendo em vista as expectativas criadas com a chegada de um empreendimento de grande porte.

Palavras-chave: Comperj; Direito à Informação; Itaboraí (RJ); Participação.

YURI COSTA MORAES DA SILVA

A POLIFONIA DAS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO: O RITMO POPULAR NA ARRITMIA ACADÊMICA

Aprovada em: 15/04/2022

Banca: Dr.ª Elis de Araújo Miranda (Orientadora/UFF), Dr. Hernán Armando Mamani (UFF), Dr. Silvio José Lima de Figueiredo (UFPA)

Resumo

 

Este trabalho propõe uma investigação errante acerca do conceito de Desenvolvimento aplicado ao campo do planejamento urbano e regional no Brasil. A proposta da pesquisa é fazer uma discussão das teorias do desenvolvimento formuladas ao longo dos últimos 75 anos, tendo como marco a criação da Comissão Econômica para América Latina e Caribe – CEPAL e, como contraponto às noções acadêmicas do conceito em questão, analisar a produção da música popular brasileira para fins de estabelecer uma crítica e contextualização dos processos sociais de duas regiões metropolitanas do Brasil para fins de permitir a discussão transdisciplinar do planejamento com ênfase na cultura e na sociabilidade constituída no espaço urbano, compreendendo os espaços periféricos atribuídos ao modelo capitalista de cidade moderna. A produção musical popular, ressignificando a Música Popular Brasileira como Música Periférica Brasileira, por conseguir exprimir de maneira simples e direta os impactos do Desenvolvimento discutido na produção acadêmica e executado na esfera política do Estado nacional, apresentando os vários “Brasis” dentro de uma só nação, que ainda não compreende sua formação nacional e sua identidade sócio-cultural. Portanto, são os sujeitos periféricos os agentes prioritários na contraposição ao discurso oficializado pelo saber científico que os marginaliza da construção nacional. Pensar a relação entre as Teorias do Desenvolvimento e as visões de mundo dos agentes periféricos através da musicalidade produzida por tais agentes norteia os três capítulos que se seguem debruçados em apresentar uma perspectiva histórica da construção nacional brasileira, seguido pelo segundo capítulo, onde aborda-se a trajetória da pesquisa e do pesquisador, correlacionando então, no terceiro capítulo, com a discussão conceitual sobre o desenvolvimento e suas consequências práticas relatadas nas músicas periféricas brasileiras. Como conclusão, a proposta de uma revisão conceitual através do conceito de síncope, abordado por diversos autores e oriundos da produção musical.

Palavras-chave: Desenvolvimento; Planejamento; Musica; Periferia; Urbano.

LUCAS FERREIRA LOPES

A PRESENÇA DA MULHER EM TORCIDAS ORGANIZADAS DE FUTEBOL EM CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ: DE QUE MODO SE ESTABELECEM OS CONFLITOS SOCIAIS E A IMPORTÂNCIA FEMININA NESTE CENÁRIO?

Aprovada em: 19/12/2022

Banca: Dr.ª Glaucia Maria Pontes Mouzinho  (Orientadora/UFF), Dr. Rodrigo de Araújo Monteiro (UFF), Dr.ª Marusa Bucafoli da Silva (UCAM) 

Resumo

 

É evidente que o preconceito com as mulheres e o machismo estão presentes em todas as áreas da sociedade, inclusive, também nos esportes. Desta maneira, o futebol é um meio social e, um dos esportes, em que a mulher mais se depara com obstáculos em relação à sua inserção e participação, sobretudo, quando as mesmas estão inseridas nas arquibancadas nos estádios de futebol. Posto isto, este trabalho em formato de Dissertação visa compreender de que forma se dá a presença feminina em “torcidas organizadas” de futebol em Campos dos
Goytacazes- RJ, em especial, nas torcidas femininas dos clubes Americano e Goytacaz Futebol Clube. O campo analítico está centrado no papel das mulheres enquanto torcedoras organizadas e sua importância nas torcidas organizadas, constituindo objetivos que giram em torno do propósito de identificar e analisar as diversas formas de preconceito e discriminação que as mesmas vêm sofrendo ao longo dos anos (e ainda sofrem) pelos homens torcedores nesse cenário, surgindo assim, os possíveis conflitos sociais associados à sua presença em um universo majoritariamente masculino. A metodologia empregada nesta pesquisa, em suma, consiste em revisão da bibliografia existente e revisões de textos acadêmicos as quais dialogo com autores (as) como sociólogos, antropólogos, historiadores, geógrafos, jornalistas, entre outros, além, é claro, de entrevistas semiestruturadas e diálogos informais com torcedores (as) de ambos os clubes de futebol da cidade. Os recortes espaciais e temporais respectivamente são: global e nacional para analisar a conjuntura local, e recortes desde 1863 até os dias atuais.

Palavras-chave: Futebol; Mulher; Torcidas Organizadas; Preconceito; Machismo; Campos dos Goytacazes- RJ; Conflitos Sociais.

LIVIO BISSONHO DE ALMEIDA PINHEIRO

DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO NORTE FLUMINENSE: UMA ANÁLISE CRÍTICA DAS SMARTS CITIES

Aprovada em: 05/05/2022

Banca: Dr.ª Vanuza da Silva Pereira Ney (Orientadora/UFF), Dr.  Roberto Cezar Rosendo Saraiva da Silva (UFF), Dr. Luiz de Pinedo Quinto Junior (UFF)

Resumo

 

O conceito de smart cities idealizado como panaceia dos problemas sociais urbanos, pode omitir interesses da extrema financeirização do capital materializados pelas Big Techs e fundos de investimentos que cooptam o poder público e transformam a cidade em mercadoria. Desta forma, as pessoas e suas relações se transformam em dados paramétricos comercializados como commodities e utilizadas pela Big Data para diminuição dos riscos do capital, por meio de de pautas políticas de austeridade e privatização do Estado e espaço público. A democracia é ameaçada, na medida em que a tecnologia constrói uma barreira para participação coletiva e exclui as chamadas "classes indesejáveis" das decisões na sociedade civil. Diante deste cenário, as pautas sociais e ambientais são apropriadas pelo discurso neoliberal e transformadas em consumo individualista, mas não produzem mudança de paradigma. A cidade cada vez mais amparada por equipamentos tecnológicos se assume agente, se mostra parcial e opera os mecanismos de vigilância e controle para o capital, com a produção de necropolítica, gentrificação e arquitetura hostil. Em contramedida à inflexão ultraliberal algumas medidas se apresentam na proteção dos direitos difusos como o marco civil da internet, e a utilização de software livre, que permite a inclusão e controle coletivo aos bens comuns digitais pela tecnologia do blockchain. A estrutura do trabalho dividiu-se em três vertentes: inicialmente por meio da apresentação histórico-social da Região Norte Fluminense e sua inserção na dinâmica global da economia financeirizada. Na segunda, estabeleceu-se a relação das vocações econômicas do Norte Fluminense com as cidades capitalistas centrais, por meio do neoliberalismo. Por último foi identificado e analisado o modelo de desenvolvimento pautado no paradigma das smart cities nos municípios de Campos, Macaé e São João da Barra. Desse modo, observou-se a participação de grandes articulações corporativas, atuantes também nos grandes eventos do Rio, na elaboração de políticas de smart cities para o Norte Fluminense, como forma de expandir e atualizar suas práticas de mercantilização da cidade e imposição de interesses empresariais.

Palavras-chave: Smart City; desenvolvimento regional; função social; neoliberalismo

RODRIGO PEREIRA PINHEIRO DA SILVA

POLÍTICA CULTURAL E MINERAÇÃO NO BRASIL: UMA ANÁLISE TERRITORIAL DOS PROJETOS CULTURAIS DA VALE S.A.

Aprovada em: 29/06/2022

Banca: Dr.ª Elis de Araújo Miranda (Orientadora/UFF), Dr.ª  Maria Célia Nunes Coelho (Coorientadora/UFF), Dr. Luiz Jardim de Moraes Wanderlei (UFF), Silvio José de Lima Figueiredo (UFF)

Resumo

 

A mineradora transacional Vale S.A. buscou construir uma imagem de mineradora próspera, social e ambientalmente responsável, mas, atualmente, vem buscando mitigar os danos a sua imagem por meio da promoção de projetos de Responsabilidade Social e de Marketing Cultural. Tal mudança de comportamento inclui adoções pela empresa de maior valorização das ações culturais e de uma política cultural, ocorridas após os grandes desastres socioambientais na última década, em de Mariana-MG (2015) e Brumadinho-MG (2019). Esse novo campo estratégico adotado pela Vale S.A., tornou-se cada vez mais oportuno, pois simultaneamente tende a promover o seu maior controle socio-territorial e garantir o acesso a benefícios fiscais por meio da Lei de Incentivo à Cultura (Rouanet). Esta pesquisa teve por objetivo analisar a gestão cultural da Vale S.A. e a relação com sua ação nos territórios situados mais especificamente na Região Sudeste brasileira, no período de 2010 a 2020. Partimos do levantamento dos equipamentos e projetos culturais mantidos pela empresa por meio da Fundação Vale e do Instituto Cultural Vale e dos investimentos feitos pela mineradora com a utilização da Lei Rouanet. Pretendemos com esse trabalho compreender os sentidos que as práticas culturais assumem para o controle de seus territórios (intra-muros e seus entornos). Buscamos, sobretudo, entender quais os limites e implicações desse modelo privado de gestão cultural e qual seu impacto nas diferentes escalas. Ao adotarmos como base de nosso trabalho as concepções de território corporativo de Roberto Sack (1986) e a noção de território usado concebida por Milton Santos (1996[a], 1996[b], 1999, 2000, 2001 e 2004), reunimos subsídios teórico-metodológicos para pensarmos a ação territorial da empresa mineradora enquanto espaços vividos, delimitados e controlados através de relações de poder, respaldadas por todo o Território nacional. Segundo essas leituras, podemos entender de que modo grandes empresas mineradoras transnacionais, como a Vale S.A., vêm organizando estratégias de legitimação para garantir confiabilidade (internacional, nacional, regional e local), manter e ampliar seus lucros e minimizar as críticas ao impacto socioambiental. É fundamental refletir sobre os usos que agentes corporativos fazem dos recursos territoriais e sobre os consequentes efeitos causados aos lugares que compõem as zonas de influências dos empreendimentos privados. Assim, esperamos contribuir para o debate sobre a relação entre Estado, sociedade civil, empresas privadas e o uso de Políticas Públicas Culturais, considerando aqui a Cultura como um vetor do desenvolvimento territorial e como campo de disputa na consolidação de hegemonias.

Palavras-chave: Vale S. A., Território, Responsabilidade Social Empresarial, Política Cultural, Gestão Territorial, Marketing Cultural.

KESIA ROCHA ARAÚJO

MORADIA E PANDEMIA: A DESIGUALDADE DO CONTEXTO HABITACIONAL FRENTE A COVID-19 EM CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ

Aprovada em: 29/08/2022

Banca: Dr.ª Antenora Maria da Mata Siqueira (Orientadora/UFF), Dr.ª  Simone Santos Oliveira (FIOCRUZ), Dr.ª Érica Tavares da Silva Rocha (UFF)

Resumo

 

A pandemia da Covid-19 ressignificou lugares evidenciando diferentes contextos habitacionais no mundo. As altas taxas de contaminação e mortes pela doença resultou em uma catástrofe global, tendo por diversas vezes o Brasil como epicentro. Apesar de ter atingido diferentes realidades, locais com grande desigualdade socioespacial foram fortemente afetados. Por exemplo, em Campos dos Goytacazes, município localizado no interior do estado do Rio de Janeiro, cerca de 12.622 casos da doença foram confirmados laboratorialmente com 517 óbitos até 18 de dezembro de 2020. Diante disso, o presente trabalho analisa as condições de moradia da população do município de Campos dos Goytacazes/RJ e os óbitos pela Covid-19. Para o alcance do objetivo proposto, foi
realizado, como procedimento metodológico, revisão da literatura seguido de um levantamento e análise de dados em fontes oficiais de informação. Os resultados obtidos evidenciaram a inexistência da relação direta entre condições de moradia e óbitos pela Covid-19 em Campos dos Goytacazes/RJ no primeiro ano da pandemia, estando esses associados ao perfil populacional. Porém, os dados mostraram que as condições em que as pessoas vivem podem ampliar ou reduzir a exposição a riscos bem como as condições de se tratar por meio dos serviços de saúde.

Palavras-chave: Habitação. Pandemia. Desigualdade socioespacial. Vulnerabilidade.

GUSTAVO MACHADO RIBEIRO DE SOUZA

O COMUM COMPARTILHADO NO CINECLUBE MARIGHELLA: CINEMA, SOCIABILIDADE E POLÍTICA EM CAMPOS DOS GOYTACAZES

Aprovada em: 09/09/2022

Banca: Dr.ª Maria Gabriela Scotto (Orientadora/UFF), Dr.ª  José Luis Vianna (Coorientador/UFF), Dr.ª Glaucia Maria Pontes Mouzinho (UFF), Márcia da Silva Pereira Leite (UERJ)

Resumo

 

A pesquisa tem como foco uma análise do Cineclube Marighella, em Campos dos Goytacazes – Norte Fluminense. O Cineclube Marighella foi fundado em 2016 por este pesquisador e mais dois amigos, com a intenção de ser um espaço político de difusão de conhecimento e troca de experiências sobre problemas contemporâneos. A pesquisa explorou o papel da construção do cineclubismo como um movimento que recorre ao cinema e ao posterior debate como ferramenta política, no contexto do cineclubismo como atividade cultural que, em muitos casos, é definida como “politicamente engajada”. Foi retratada a prática do Cineclube Marighella, relatando as circunstâncias da fundação e do desenvolvimento do trabalho. O trabalho provoca questionar qual foi a experiência, o que essa experiência produziu, e quais os desafios para o contexto político-cultural em que está inserida? Foi realizada uma etnografia retrospectiva do Cineclube Marighella, estruturada por eixos com dados coletados a partir das redes sociais do Cineclube e recorrendo à memória. Foi aplicado um questionário virtual para entender como os participantes enxergam o cineclube, se ele é visto como ator político, o que faz com que eles se engajem, participem e como fazem parte do processo. A partir da análise dos questionários, foram definidos três perfis do público frequentador do Cineclube Marighella: os que se consideram cineclubistas; os engajados politicamente e os que buscam sociabilidade. Conclui-se que são vários os aspectos que envolvem a participação do público do Cineclube Marighella, como o local, o tema do debate, o filme e os debatedores. Aos fins desta pesquisa, compreende-se que o Cineclube Marighella é um espaço de encontro e sociabilidade, com dimensões políticas. É uma forma de se fazer política por meio da cultura, que propicia um espaço comum de estímulo à experiência coletiva, onde o público se reúne para compartilhar suas sensibilidades através do cinema. 

Palavras-chave: cineclubismo; política; cultura; Cineclube Marighella; Campos dos Goytacazes (RJ).

HELIO DE FREITAS COELHO

MÚLTIPLAS DIMENSÕES DO GOLPE DE 1964 EM CAMPOS DOS GOYTACAZES: MEMÓRIA, SUJEITOS, INSTITUIÇÕES E CONFLITOS

Aprovada em: 07/12/2022

Banca: Dr.ª Elis de Araújo Miranda (Orientadora/UFF), Dr. Marcelo Werner da Silva (Coorientador/UFF), Dr.ª Claudia Cristina Azeredo Atallah (UFF), Ana Chrystina Venancio Mignot (UENF)

Resumo

 

Está dissertação propõe-se a reconstituir a dinâmica do processo histórico das lutassociais, políticas e ideológicas que marcaram os anos iniciais da década de 1960 e que desembocaram no Golpe Civil-Militar de 31 de março/1° de abril de 1964, em Campos dos Goytacazes/RJ, desdobrando-se no regime autoritário militar até a década de 1980. Representa um esforço acadêmico no sentido de contribuir para desconstrução das tentativas de afirmação de um negacionismo histórico que insiste em dizer que não houve ditadura no Brasil a partir de 1964, bem como é nosso entendimento que o fato de resgatar esse momento histórico e seus desdobramentos tem muita relevância para a compreensão, gestão e planejamento de políticas públicas para o Município Campos dos Goytacazes em face de suas especificidades, continuidades/descontinuidades e ressignificações. É certo que Campos foi um palco de conflitos expressando o quadro mais amplo das mobilizações pelas Reformas de Base conduzidas pelo Presidente João Goulart, cujo partido, o PTB( Partido Trabalhista Brasileiro) , por si e em alianças com setores progressistas, tinha acirrados defensores e ao mesmo tempo ferrenhos opositores.Investigar as singularidades desse processo a nível local – articulado às escalas nacional e internacional – é um instigante desafio sobretudo metológico, para fins de resgatar a composição do campo de forças atuantes naquele momento histórico neste município, e construir um acervo da memória dos acontecimentos e sua percepção diferenciada pelos sujeitos envolvidos nas tensões e na rede de conflitos que tanto mexeram com as questões da democracia e da cidadania. Nomear sujeitos e vivificar legados, desvelar e revelar registros nos jornais, nas atas de várias instituições, e recolher depoimentos pessoais relevantes, foiuma grande tarefa profundamente impactada pela pandemia, pelo fechamento do Arquivo Público Municipal Waldir Pinto de Carvalho por um longo período. Quanto ao escopo teórico, o trabalho encontra-se embasado nos conceitos de memória, memória individual e memória coletiva e assim fecha-se o objeto de investigação.

Palavras-chave: Golpe de Estado, Autoritarismo, Trabalhismo e Reformismo

THAMYRES SIQUEIRA FREIRE

TERRA BOA DE FARINHA: CONFLITOS AMBIENTAIS NA ORGANIZAÇÃO POLÍTICA DOS PRODUTORES FAMILIARES DE MANDICOA E FARINHA EM SÃO FRANCISCO DE ITABAPOANA – RJ

Aprovada em: 12/12/2022

Banca: Dr.ª Antenora Maria da Mata Siqueira (Orientadora/UFF), Dr. José Luis Vianna da Cruz (UFF), Dr.ª Caterine Reginensi (UENF)

Resumo

 

Este trabalho tem como centralidade a análise da produção familiar de mandioca e farinha e a relevância dos conflitos nesse processo, considerando as relações sociais de produção que levaram à estruturação de uma associação no segundo distrito de São Francisco de Itabapoana – RJ. A pesquisa realizou um breve apanhado histórico sobre o cultivo da mandioca e a produção da farinha no município, resultando em uma linha do tempo referente a trajetória da criação da associação como estratégia da organização dos sujeitos para fazer frente às exigências das políticas públicas. Os procedimentos metodológicos englobam um estudo de caso que associa o método experimental dos itinerários, entrevistas e levantamentos em fontes documentais como aquelas produzidas por órgãos públicos. A investigação mostrou que a
associação foi estruturada a partir das exigências das legislações ambientais e trabalhistas para as fábricas. O processo de modernização e os interesses do mercado vem transformando as cadeias agroindustriais, colocando em xeque a continuidade da produção familiar de farinha de mandioca, que sempre se reinventa para resistir em meio a essa luta desigual.

Palavras-chave: Conflitos Ambientais; Produção Familiar; Farinha de Mandioca; Associativismo.

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